terça-feira, 5 de julho de 2011

DE VOLTA À VELHA ESTRADA

Tenho 32 anos e toco guitarra desde os 10 ou 11 anos de idade, mas não de forma absurdamente intensa, e também com grandes hiatos durante todo esse tempo. 

Comecei a tocar num violão Giannini bem velho, acredito que já tinha uns 20 anos, pelo menos, com encordamento de aço Canário. Sempre preferi encordamento de aço por causa (a) da qualidade do som, (b) do volume do som, (c) da maior semelhança com guitarras e (d) pela durabilidade do encordamento. Sem falar que a sensação de tocar num violão com encordamento de aço é bem melhor do que tocar num violão com encordamento de nylon.

Bem, depois de um tempo aprendendo a guitarra, meu pai conseguiu localizar uma velha guitarra que havia na casa da minha avó, que havia servido a ele e a uns tios meus, e reformá-la totalmente, pintando, colocando nova estrutura de acrílico no top, e re-instalando os captadores. Uma pena que eu não tenha nenhuma foto dela mais.

A guitarra era uma verdadeira merda, mas era a única que eu tinha, e não podia reclamar. Meu amplificador, na época, foi um Staner Kute 15, que tenho até hoje. Depois de um tempo ainda consegui comprar um pedal de distorção e um flanger da Chorus (marca brasileira). 

Alguns anos depois consegui comprar um "Thrash Master" da D.O.D. que era bem mais interessante. 




Alguns anos mais tarde, depois de me tornar o fã número 1 do Guns and Roses e do Slash, meu pai conseguiu encontrar uma Giannini Les Paul a um bom preço no jornal Balcão, e essa foi a minha segunda guitarra. A guitarra era da cor bege, e também não era de muita qualidade. 

Os trastes eram um traste, prendiam a corda da guitarra, e o som era tão ruim quanto o da primeira guitarra. Mas me fazia feliz, porque era uma guitarra "igual à do Slash". Nessa época, fiquei muito na dúvida entre ela e uma Les Paul da marca Golden, que era bem mais famosa e popular, e parecia ser mais robusta. Mas foi o que rolou. Também não tenho fotos dessa guitarra, infelizmente.

Depois da Les Paul, juntei uma grana e comprei uma Washburn MG-20 zero KM. Foi a minha primeira guitarra não-usada, comprada com meu próprio dinheiro de mesada acumulada, e acho que custou uns U$ 300,00 numa loja de guitarras que havia na Rua do Matoso, na Tijuca (não me lembro do nome). 


Ela era meio vermelha, meio vinho, tinha um braço fininho, bons trastes, um humbucker na ponte e mais dois single coil, um headstock maneiro (meio metaleiro, até), e tinha um som legal. Foi minha primeira guitarra razoável (não ruim), e por isso fiquei com ela por muitos e muitos anos. Acredito que ela tenha sido minha guitarra principal por cerca de 15 anos.

Foi aí que eu fiquei velho, e resolvi voltar a tocar como hobby. Já estava com 30 anos, e resolvi comprar a guitarra dos meus sonhos. Sempre que eu via os clipes de Sepultura, Megadeth, Pantera, Raimundos, e outras bandas assim, uma guitarra que sempre me chamou a atenção pelo timbre e pela atitude era a Jackson. 

Então resolvi que ia comprar uma Jackson. Pesquisei em muitos sites na internet, sobretudo Rio de São Paulo, e também no Mercado Livre (muambeiros), fiz uma vasta pesquisa, e cheguei a um bom preço para o modelo DKMG Dinky, com ponte tipo Floyd Rose e captadores EMG ativos Zekk Wylde, que em tese seria inclusive fabricada no Japão (que teoricamente tem um melhor controle de qualidade do que países tradicionalmente fabricantes de instrumentos musicais como Vietnam, Korea, China, etc). 


A loja seria a Hendrix Music Store. O vendedor foi muito antencioso, me passou todos os detalhes, fotos da guitarra, etc, e eu fechei a compra, juntamente com um hard case da Gator. Eu pedi pra ele me mandar a guitarra dentro do hard case, pra proteger melhor. Mas infelizmente não foi isso que aconteceu, e a guitarra chegou aqui em casa detonada, com a caixa de papelão rasgada, etc. Chegou até a destruir uma parte dos parafusos que prendem as cordas no headstock (pra não desafinar).

Entrei em contato com a loja, e eles me indicaram um Luthier, esqueci o nome dele agora, mas ele fabrica os baixos Gravina. Parece que ele trabalha com músicos como O RAPPA, dentre outros, e funciona no Rio Comprido, aqui perto de casa. 

Levei a guitarra lá e ele deu uma boa olhada (por conta da Hendrix Music, obviamente), e chegou à conclusão de que o instrumento não havia sofrido avarias estruturais, e então trocou as peças que foram danificadas (arranhadas) por novas (enviadas pela Hendrix), e deu uma boa regulada nela, colocando inclusive as cordas mais baixas, a pedido meu. 

A guitarra, ao meu ver, está 100% mesmo. Ela tem uma pegada muito boa pra metal pesado, das bandas que eu citei, e foi o meu xodó por um bom tempo.

Neste meio tempo, um amigo meu trouxe pra mim uma excelente pedaleira, a PODxt Live, da Line 6, que simula digitalmente amplificadores, pedais de efeitos, etc. Ela é totalmente integrada com o computador, dá pra trocar informações com ele, fazer backup, trocar configurações de tonalidade com usuários da Line 6 no mundo todo, e ainda vem com um pedal Wah wah também. 


Nessa mesma época, não dava mais pra tocar no meu Kute 15 da Staner, então eu comprei, numa loja em Jacarepaguá, um Marshall pequeno de 15W pra substituí-lo. Não comprei um amplificador maior porque achei que não ia utilizar toda a potência dele. 


Só me arrependo de não ter comprado um amplificador valvulado, o que hoje em dia considero ser um gap na minha lista de equipamentos. Um dia talvez eu resolva esse problema.

Por último, depois de todas essas aquisições, na minha recente viagem aos EUA, decidi que voltaria para o Brasil com uma Gibson Les Paul (pra fechar o circuito lá com a minha infância). Cheguei na loja SamAsh, em New York, e havia dezenas delas na parede, todas à disposição pra tocar, experimentar, testar. Falei pro vendedor que eu queria uma Gibson de uns 2 mil dólares, que era o dinheiro que eu tinha disponibilizado pra isso, e testei várias delas. Não gostei muito do som, achei ele meio grave demais... Tinha alguma coisa errada, na minha concepção. Aquela guitarra dos meu sonhos não tinha um som muito maneiro... 

Voltei pro hotel de mãos vazias pra pensar melhor na situação. Achei que 2 mil dólares para uma guitarra com um som que não era muito a minha praia seria muito dinheiro desperdiçado (apesar de que poderia vender a guitarra aqui no Brasil e recuperar o investimento, seguramente). Aí entao, conversando com alguns amigos pelo Facebook, resolvi comprar uma Epiphone, que seria aproximadamente 1/4 do preço da Gibson, e com resultado mais ou menos parecido (para alguém que não é profissional, como eu).

Chegando na loja no dia seguinte, pedi para experimentar as Epiphone Les Paul. Fui testando todos os modelos que havia na loja, Traditional, Custom, Standard, Slash Signature, etc. A que mais me agradou em termos de sonoridade foi a Les Paul Standard Plain-Top, da cor Honey Burst. 


O som não era tão grave quanto o da Gibson, era mais interessante. Até pensei em comprar captadores Seymour Duncan Alnico II Slash Signature e mandar substituir na própria loja, com o luthier deles, mas ia sair o dobro do preço, e eu não sabia como ia ficar a sonoridade da guitarra. 

O vendedor me explicou que provavelmente o som ficaria mais pesado e melhor, mas eu achei melhor não arriscar, e levei a guitarra pra casa do jeito que ela era mesmo. Ainda aproveitei para comprar uns cabos bons (Monster Cable) e também um pedal Wah wah da Jim Dunlop, o Cry Baby GCB-95.

Ao longo do tempo, fui vendendo meus equipamentos mais antigos (a primeira guitarra sem marca, a Giannini Les Paul, a Washburn MG-20 recentemente), e fiquei só com os mais novos (hoje em dia só estou com a Jackson e a Epiphone Les Paul). Estou precisando vender meu antigo amplificador Kute 15, mas falta saco para fazer um video, tirar as fotos devidas, e cadastra-lo no Mercado Livre. Tenho que fazer isso qualquer dia, pois ocupa um espaço aqui no quarto no qual eu não poderia contar com.

Nesse meu retorno às guitarras, nos últimos 2 anos (com a compra da Jackson, da Les Paul, do Marshall, da pedaleira Line 6), pretendo dedicar mais tempo à arte do que dedicava quando era criança/adolescente, e talvez até fazer aulas com um professor (coisa que nunca fiz antes). 

Também destaco a absurda diferença de informação entre aquela época e agora, que facilita muito o aprendizado. O que tínhamos à disposição naquele tempo eram revistinhas de violão nas bancas de jornal, revistas importadas que eram muito caras para nosso poder aquisitivo de estudante de quinta série (Guitar Player, Guitar World, etc) e professores e amigos. 


Não havia internet com tablaturas em vários sites, não havia youtube com aulas de guitarra, sites grátis com dicas, licks, aulas grátis, etc. E o mais legal, que eu descobri há pouco tempo: backing tracks, que são as trilhas de bateria e baixo das músicas mais famosas, de graça, pra voce colocar pra tocar no som e poder acompanhar com a guitarra, fazendo os solos, os riffs, etc. 

A informação era muito mais restrita, e nós não tínhamos acesso a absolutamente nada disso. Nem sabíamos direito o que estava acontecendo nos EUA e na Europa, por exemplo. Mas hoje em dia a coisa mudou e tudo ficou muito mais fácil. 

De qualquer forma, com todas as dificuldades, agradeço ao meu pai por ter me ensinado as notas básicas na viola, as primeiras músicas, e também a afinar o instrumento (básico pra quem quer começar a tocar, pois treina o ouvido).

O negócio agora é arrumar tempo pra treinar bastante, e encontrar os velhos amigos das guitarras para eventualmente formar uma banda e se divertir pra cacete!

2 comentários:

  1. Cara, Parabéns! eu gostei muito do seu artigo... Me identifiquei demais com toda sua trajetória... embora eu nunca tenha parado de tocar! O interessante é que tudo q você narrou, aconteceu quase que exatamente igual com minha vida.. kkkkk, a primeira guitarra, a segunda, a terceira, uma les paul, .... Que Deus lhe Abençoe.. Grande abraço.

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    1. Fabio, valeu pelo comentário!! A guitarra faz parte das nossas vidas! hehehe! abs!

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